terça-feira, 28 de abril de 2009

Ainda a tempo


Não podia fechar o dia sem esse post:

Apesar de tanta tristeza que eu senti hoje, apesar de tantas lágrimas derramadas, vivenciei o que talvez tenha sido o momento mais sublime da minha existência até então:

Estava chorando e com meu cãozinho Luigi, um filhotinho de yorkshire, no colo. Eu olhei bem nos pequenos olhos pretos dele e ele olhou nos meus olhos lacrimejantes.... Foi então que ele me lambeu o rosto como quem dá um beijo e o afagou com suas pequeninas patas.....

Sublime, sublime.... Já inventaram alguma geringonça para eternizar esses momentos lindos?


Uma equilibrista bêbada na corda bamba da vida










Novo insight traz novas idéias... O insight brota em frações de segundo e é preciso agarrá-lo para que ele não saia voando feito uma borboleta. Quando eu consigo aprisioná-lo, aí sim a idéia é extraída e o blog tem continuidade. Percebam então quão árdua é essa tarefa de escrever e, de alguma forma, expôr emoções aprisionadas no peito... Mais ainda de manter um blog em funcionamento..... Mas eu gosto disso! Uma das poucas coisas que tem me dado prazer nesses últimas dias...


Estava escrevendo a uma amiga-irmã da Igreja e de repente, surgiu a frase: "O equilíbrio da vida não é estático e sim dinâmico"... Imediatamente me veio à lume aquelas antigas aulas de Física e de química do Colegial.... O tal do equlíbrio termodinâmico e blá-blá-blá.... Mais um monte de coisa que já não me lembro, porque nunca mais estudei depois do vestibular... Afinal, escolhi fazer Direito! Ainda assim, a idéia geral ficou aprisionada em mim e vejo que mais do que uma lei natural, é uma lei da vida!

É simples assim: uns passos firmes e retos aqui, uns tropeções acolá; uma corridinha aqui e um tombaço acolá.... Ninguém é 100% forte, intenso, luminoso o tempo todo. Alguém especial me disse que eu era um vagalumezinho, mas que estava temporariamente sem brilho, encerrado em um buraco frio e úmido e se recusando a aceitar ajuda...Nunca ouvi tamanha verdade para esse momento... E espero mesmo que seja para esse momento. Tenho receio de descobrir, em todo esse processo, que eu nunca fora um vagalume e sim, uma lagarta daquelas bem nojentas, destinada a viver nos buracos mais escuros....

Mas, enfim, voltemos à idéia de equilíbrio dinâmico. Isso me lembra um trechinho da música "O bêbado e o equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc:
Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...

Asas!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...

É isso. Sinto-me uma equilibrista, tentando me manter ereta na corda bamba da vida...

Ah, sim, mais "bêbada" do que sóbria... Embrigada dessa porcaria de "pílula da felicidade". (Pura propaganda enganosa!)...

E em cada passo dessa linha, com muito medo de me estatelar de vez no chão... Se bem que já tão ferida e doída que a dor de tombar no chão não seria tão diferente...

Ah, esqueci uma coisa: alguém empresta uma sombrinha?

Enquanto isso, eu espero que no trajeto dessa corda bamba, eu ache alguma janelinha de verdade. Uma que se abra de verdade para mim e me faça sair em um lugar diferente do que o que atualmente vivo ... Era Mestre Machado de Assis quem dizia isso:

Descobri uma lei sublime, a lei da equivalência das janelas, e estabeleci que o modo de compensar uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar continuamente a consciência"


Tomara que ele esteja certo.... Tomara que a sublime lei da equivalência das janelas seja também uma lei da vida. Alguém já provou?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Linha




Bem, ontem li algo muito interessante que gostaria de usar como um adendo à postagem anterior. Certa vez, Mário Quintana escreveu os seguintes versos matreiros ou como diriam os cariocas, "expertos":

Linha Curva: O caminho mais agradável entre dois pontos.
Linha Reta: Linha sem imaginação.
(Mário Quintana)

O ser picasseano é composto dessas agradáveis linhas curvas de Quintana... E isso faz dele não um ser pior, nem melhor.... Mas, mais arejado, mais descontraído e mais leve....

Desde cedo aprendi que a linha reta é a menor distância entre dois pontos. Quando eu ainda tinha determinação, era assim que eu pensava. Só enxergava um alvo, um objetivo na minha frente. Queria chegar logo lá e estava disposta a todos os sacrifícios para trilhar esse caminho mais curto...

Mas, tantas coisas aconteceram nesse caminho... Tantos tombos, tantos arranhões e tantas feridas me fazem hoje apenas caminhar ao invés de correr.... E me fez desviar a reta previa e mentalmente tracejada.

Pois não é que tinha razão o tal de Fernando Pessoa, outro ser picasseano, numa das suas mais célebres frases e que se tornou em uma das verdades mais inexoráveis do mundo:

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Pois, é... A dor eu quero superar, mas do Bojador está difícil passar... O caminho é muito estreito e íngreme... Por isso, estou aqui nesse trajeto, tentando fazer dele uma caminhada mais agradável, menos dolorosa.

Sono, cansaço, fadiga... E uma parada revigorante ali e outra acolá para recuperar o fôlego....

Um rodopio e um movimento de mãos aqui e outro adiante para acompanhar a trilha sonora da minha vida, sempre presente é claro....

De vez em quando um vôo rápido e uma aterrisagem.....

Mas, poucos saltos. Difícil deixar de viver o que se tem para viver, ainda que se viva um mau pedaço.....

Alguém pode me dizer se é possível pular a parte ruim da vida? Existe algum truque, alguma mágica para não cair nas armadilhas plantadas no caminho? Acho muito pouco provável. Até Aquele que era perfeito não foi capaz de pular essa etapa...

Então, vamos indo assim... Numa linha curva. Encontrando pessoas especiais e interessantes, tendo contato com pensamentos renovadores. Pelo menos assim, as emoções são mais impactantes e vívidas....Mais picasseanas...