segunda-feira, 13 de julho de 2009

Caminhos: um quase-monólogo existencial entre 2 aliens



_ Eu nunca pensei que pelo caminho não haveria dificuldade. Elas estão presentes no mundo de qualquer ser humano. Acho que até os animais sabem disso. É a lei da vida...

_ É, vem cá, você não tem a sensação de que as coisas poderiam ser mais fáceis? Eu tinha essa sensação. Irreal. Achava que ia ser isso, aquilo outro, ia ter um futuro promissor, blá, blá, e que eu seria guerreira suficiente para conquistar todos os meus sonhos, como até então eu tinha me considerado... Eu não tenho poder nem de mudar minha vida, como é que eu quero mudar o mundo? É isso aí: "e aquele(a) garoto(a) que ia mudar o mundo, mudar o mundo... agora assiste a tudo em cima do muro, em cima do muro..."....

_ Tem razão.... O que acontece que a gente perde o gás no meio do caminho? Por que a gente amarela de repente? Olha, definitivamente não tenho essas respostas...

_ Eu acho que sei o que acontece... Na verdade, tenho para mim que as perguntas mudaram também. Mudam constantemente. E é por isso que a gente nunca fica satisfeito com as pseudo-respostas.

_ Mas, enquanto isso, .....
A gente se perde nas esquinas do mundeco virtual...
A gente devaneia demais nos livros e nos filmes...
A gente recebe muita irradiação da tela do PC...
Enfim, desejamos ter a vida daquele personagem do filme, do jogo, etc...
E a vida vai passando. Tem hora que rolas uns repentes: mas pq eu fico perdendo tanto tempo com isso? Gostaria de ter um repente desses.

_ Você está certo. No fim, é isso mesmo... A gente racionaliza demais. As nossas necessidades acabam sendo superiores à das pessoas que simplesmente vivem a vida. Nosso padrão de satisfação fica infinitamente maior. Não é que eu me considere superior. Acho que você também não se considera. Mas a gente se sente meio "alien", meio "Carry, a estranha", deslocados do alinhamento das coisas simples, naturais e ordinárias.

_ No fim, é totalmente verdadeira essa música... Me veio na mente agora.

"Bebida é água. Comida é pasto.
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.

Bebida é água. Comida é pasto.
Você tem sede de que? Você tem fome de que?
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.

Bebida é água. Comida é pasto.
Você tem sede de que? Você tem fome de que?"


_ Nossa! Como vc canta bem? Foi vc quem compôs?

_ Não, não..., Foi o Arnaldo Antunes... Mas a voz é minha mesma, obrigada!

_ Olha, a grande sacada é ver a felicidade nas coisas mais simples: rir à toa, dançar, apaixonar-se perdidamente, amar de verdade, com todo o meu coração... Isso não é jargão, chavão. Isso faz parte da vida de todo mundo. Todo mundo precisa disso. Não viver isso como se fosse uma propaganda de cigarro, de margarina, voltada para massa. Mas viver de verdade, buscando individualizar esses momentos e vivê-los no ápice.

_ É, tens rãzão. Mas, pelo que você comentou, você já teve um bom começo. Momento renovação. Isso mesmo. Joga tudo o que não tem serventia fora. Limpe-se por dentro e por fora. Vai curtir a natureza, verde. Vai namorar. Adota um cãozinho e deixa ele lamber o seu rosto. Tem hora que a gente precisaa ventilar esse mundinho interno nosso, se não fica insuportável de se viver nele...aff!

_ Deseje-lhe sorte também com os projetos.

_ É, o que me dá mais alegria é quando escuto música (algumas, né, porque tem outras que eu fico me perguntando qual dos dois pulsos eu devo cortar, hahaha, ai q horror!), quando descubro sons novos, quanto eu toco, quanto eu canto louvores, quando o Gary me lambe o rosto.... Quero fazer uns cursos novos.... O verde me faz bem tb. Vou tentar caminhar por aqui, que tem tanta árvore, muito mais que no outro planeta que eu morava, sabe, e eu nem valorizo isso...

_ Olha, nossa conversa rendeu, viu? Acho que daria um tratado existencial. Aliás, poderíamos virar escritores desse tipo de literatura. Será que a gente emplacaria?rsrs

_ Não, não, minha cara... É como na letra de Disloyal Order Of Water Buffaloes: "nobody wants to hear you sing about tragedy". No nosso caso, "nobody wants to read what you write about your tragedy"..

_ É, tem razão... Private life. Private tragedy. Vamos voltar cada um para seu mundinho agora... Já faz tempo que saí para interagir e já estou sentindo falta.... Quando quiser desabafar, estarei aqui. Me bipa!

_ É, não sou de falar muito, você sabe. Hoje foi uma exceção... Vou ficar te devendo...

_ Olha, buddy, se quiser ficar em silêncio, eu vou entender também. Sabe quando distinguir quando encontrou alguém especial?

_ Não. Não faço a mínima.

_ Quando pode calar a boca um minuto e sentir-se à vontade em silêncio. Foi Quentin Tarantino quem disse....


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