quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Muitas saudades


Hoje a saudade me consome. Por inteiro.


Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.



quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Andança



Não quero olhar para o meu passado e somente achar nele lamentações. Lamúrias e mais lamúrias da vida, das situações injustas, das sacanagens a que te submeteram, das decepções em relação às instituições e às pessoas. A uma certa altura da vida, gostaria de olhar para trás e me alegrar, de perceber que valeu a pena cada segundo de sentimentos tristes... Que passei por cada adversidade e sai vitoriosa. Aquela coisa de não sentir que a minh´alma é pequena e, portanto, tudo teria valido a pena, como diria Fernando Pessoa...

Mas às vezes isso parece impossível. Pareço estar numa areia movediça, daquelas que quanto mais eu mexo, mais afundo em mim... Em certos setores da vida, deixemos claro...

Eu desejo ser mais forte, ou melhor, recuperar a fortaleza que um dia existiu (ou pensei existir) em mim.

Eu desejo ser menos suscetível às palavras de desestímulo, à pressão, à cobrança...

Desejo saber onde e quando foi que deixei de acreditar que meus sonhos eram possíveis...

Quanto foi que me tornei uma andarilha pela estrada da vida, sem rumo, sem direção, sem saber como e onde ir?

Por outro lado, sinto que foi preciso me perder para começar a me reencontrar. Isso é o mais louco na vida...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ode ao passado e às ^suas reminiscências no presente.




"O passado é um labirinto e estamos nele, um passado não tem cronologia senão para os outros, os que lhe são estranhos. Mas o nosso passado somos nós integrados nele ou ele em nós. Não há nele antes e depois, mas o mais perto e o mais longe. E o mais perto e o mais longe não se lê no calendário, mas dentro de nós".


Vergílio Ferreira, in 'Estrela Polar'



Digo o seguinte: não sou lá grande coisa, mas eu sou quem sou por conta do que já vivi. Momentos bons, muito bons, excelentes. E também os maus momentos.


Houve um tempo em que estava em guerra com meu passado. Brigava, me debatia, me descabelava com coisas que poderia ter feito e não fiz, com coisas que não deveria ter feito e fiz e, sobretudo, porque as coisas tomaram esse rumo.


Hoje não. Estou em paz com o meu passado e em mim só restaram os elementos que me compõe, que se tornaram parte de quem sou. E o que sinto é uma imensa gratidão por tudo o que vivi e me fizeram sentir. Não fosse issso seria uma pessoa mais amargurada, mais amendrontada, mais fraca e não teria descoberto dentro mim o imenso manacial do amor.


Portanto, nada lamento e de nada me arrependo. Não sei se faria faria diferente se tivesse outra chance. Mas hoje, em paz e reconciliada, eu sigo em frente...


Eu preciso e quero caminhar.

Eu preciso e quero viver.

Porque Eu sou o Amor e ele precisa se renovar e se vivificar. A cada manhã. A cada dia. Semana após semana. Mês após mês. Ano após ano.

Aujourd`hui Ca Commence Avec Toi ....


Posso então cantar com convicção:

"Non Je Ne Regrette Rien

Non, Rien De Rien,

Non, Je Ne Regrette Rien
Ni Le Bien Qu`on M`a Fait, Ni Le Mal
Tout Ca M`est Bien Egal
Non, Rien De Rien,

Non, Je Ne Regrette Rien
C`est Paye, Balaye, Oublie, Je Me Fous Du Passe
Avec Mes Souvenirs J`ai Allume Le Feu
Mes Shagrins, Mes Plaisirs,
Je N`ai Plus Besoin D`eux
Balaye Les Amours Avec Leurs Tremolos
Balaye Pour Toujours
Je Reparas A Zero
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Ni Le Bien Qu`on M`a Fait, Ni Le Mal
Tout Ca M`est Bien Egal
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Car Ma Vie, Car Me Joies
Aujourd`hui Ca Commence Avec Toi "


Edith Piaf